Com uma mão cheia de pilotos em luta direta pela vitória, a BP Ultimate Baja TT ACP 2022, segunda prova do calendário do Campeonato de Portugal de Todo-o-Terreno, foi pródiga em emoção. E depois de dois dias e de 275 quilómetros de percursos desenhados nas pistas de terra e de areia do litoral alentejano, vitória de João Ferreira (Mini), a segunda da carreira – e consecutiva – do jovem piloto de Leiria. João Ramos (Toyota) e Alejandro Martins (Mini) terminaram nos restantes lugares do pódio, enquanto João Monteiro triunfou nos SSV e David Megre nas Motos.
O mais competitivo campeonato de todo terreno da Europa está bem e recomenda-se, como confirmou a BP Ultimate Baja TT ACP, uma organização do Automóvel Club de Portugal. Se a qualidade e quantidade da lista de inscritas já deixava antever uma prova emocionante, a verdade é que as expetativas não foram defraudadas, com cinco pilotos a protagonizarem uma emocionante luta pela vitória. Um espetáculo a que assistiram milhares de espetadores.
Se, na etapa inaugural da BP Ultimate Baja TT ACP, a dupla João Ferreira/David Monteiro se quedou pelo quarto lugar, hoje (domingo), o jovem piloto de Leiria foi o mais rápido no setor seletivo de 157,88 quilómetros, com um tempo que lhe permitiu conquistar o triunfo, o segundo da carreira e consecutivo. Ou seja, duas provas do Campeonato de Portugal de Todo-o-Terreno e outras tantas vitórias para o piloto do Mini.
“Estou muito contente com esta nova vitória. Hoje, fizemos o segundo setor seletivo sempre a atacar e a ganhar tempo aos nossos adversários, numa toada forte que não tínhamos conseguido impor ontem. Foi, apesar de tudo, uma prova difícil, com alternância de partes rápidas e outras com areia, o que nos obrigou a mudar de ritmo constantemente. Ainda demos um toque numa árvore, que nos fez pensar que poderíamos não chegar ao fim, mas chegámos, pelo que estamos satisfeitos com este excelente resultado”.
Apesar de reconhecer dificuldades em impor um ritmo mais forte na derradeira etapa, a dupla João Ramos/Filipe Palmeiro (Toyota Hilux) conquistou o segundo lugar, um resultado que serve as suas aspirações em termos de campeonato.
“Depois das cautelas de ontem, o dia de hoje foi um pouco mais complicado. Na primeira metade do segundo setor seletivo perdi imenso tempo e não tive confiança com o excesso de informação que ia recebendo e as sucessivas neutralizações que havia no percurso, que obrigavam a quebrar o ritmo, que já não era bom. Depois, na parte final ainda apanhámos um pouco do pó do Baumgart, mas conseguimos passá-lo e, a partir daí, atacámos ao máximo na areia para irmos buscar o segundo lugar. Fomos bem-sucedidos, por isso, estamos satisfeitos”, sublinhou João Ramos.
Depois do quinto lugar no primeiro dia, a dupla Alejandro Martins/José Marques (Mini) protagonizou uma boa recuperação na derradeira etapa, conquistando o último lugar do pódio. “Ontem, com o acidente que houve nos últimos 10 quilómetros, perdemos imenso tempo e desconcentrámo-nos. Mas, hoje, foi tudo normal, o que nos permitiu fazer o segundo lugar na etapa. Por isso, estamos contentes. Agora, vamos tentar lutar pelo título e pelos melhores resultados, prova a prova”.
No regresso ao Campeonato de Portugal de Todo-o-Terreno, depois da participação no Dakar, Miguel Barbosa (Toyota Hilux) foi o quarto classificado, precedendo Luís Portela Morais (1º Grupo T4), o brasileiro Cristian Baumgart (problemas na Toyota Hilux relegaram-no da luta pela vitória na última etapa), Francisco Barreto, João Dias (1º Grupo T3), Alexandre Silva e André Amaral, que fechou o grupo dos dez primeiros.
Uma referência, igualmente, para os sucessos de João Franco (Grupo T2) e Nuno Tordo (Grupo T8) nos respetivos grupos.
Vitórias de João Monteiro nos SSV e de David Megre nas Motos
Mas a BP Ultimate Baja TT ACP não viveu apenas das emoções dos automóveis, já que a prova também integrou o calendário do Campeonato Nacional Rally Raid, promovido pela Federação de Motociclismo de Portugal (FMP).
Entre os “SSV”, a dupla João Monteiro/Nuno Morais confirmou, na segunda etapa, a supremacia revelada na véspera. Aliás, a hierarquia entre os três primeiros não sofreu qualquer alteração, com Pedro Ferreira/Carlos Mendes e Ricardo Sousa/Jorge Brandão a terminarem nos restantes lugares do pódio.
“Foi uma boa vitória. Ontem gerimos a corrida, tendo terminado o dia com alguma vantagem. Hoje, ao quilómetro 15, o pedal de travão saltou e ficamos apenas com o ‘ferrozinho’ para travar e tivemos que gerir a ‘coisa’. Nesta prova, o navegador fez uma grande diferença e facilitou a vitória, o que não nos obrigou a imprimir um ritmo ‘louco’, até porque voltamos a ter corrida para a semana e tínhamos que poupar o carro. O objetivo é agora gerir o calendário nesta categoria e tentar ser campeão no final do ano”, admitiu João Monteiro.
Na categoria “Moto”, depois do domínio que evidenciou no dia inaugural, David Megre geriu a vantagem durante a segunda etapa, com o piloto da KTM a terminar a BP Ultimate Baja TT ACP com 5m32,9s de vantagem para Mário Patrão (KTM), o segundo classificado.
“Foi muito giro. No primeiro dia, ganhei o prólogo e o setor seletivo, pelo que acumulei uma boa vantagem. Hoje, a abrir a pista, foi um pouco gerir a corrida, numa estratégia que correu bem e numa prova com um formato diferente. Pessoalmente, para mim, a areia não foi novidade, mas acho ótimo que as provas possam ter diferentes tipos de piso. Aliás, hoje, começámos na Serra de Grândola, depois passámos por estradões rápidos e acabámos no pinhal de Grândola, cheio de areia. Ou seja, um percurso misto, giro para os pilotos, mas que exige constante adaptação às mudanças de terreno. Agora, vamos tentar fazer o melhor possível corrida a corrida, para terminar a época com o melhor resultado”, sublinhou David Megre.
O derradeiro lugar do pódio foi ocupado por Pedro Bianchi (Honda).
A BP Ultimate Baja TT ACP foi uma organização do Automóvel Club de Portugal, que volta às pistas de todo terreno, entre os dias 27 e 29 de outubro, com a 36ª edição da Baja Portalegre 500.