O objetivo de regressar ao litoral alentejano com uma nova prova todo-o-terreno era algo com que o Automóvel Club de Portugal sonhava há bastante tempo. Os cenários típicos – que conjugam a longa linha costal com a beleza natural dos terrenos –, o tempo quente e tradicional da zona, as pessoas e a inigualável gastronomia foram todas premissas garantidas e com paragens obrigatórias.
Entre pistas de areia, vales, estradões e serras, a Baja TT ACP nasceu não só como uma forma de proporcionar um incrível espetáculo de carros, motos, quads e SSVs, como também para alimentar a paixão pela modalidade e pelo espírito de compatriotismo entre todos os fãs. Foram milhares os detalhes cruciais para o bom funcionamento da prova, em pleno ano de estreia, que permitiram que tudo corresse como planeado. Desta forma, Santiago do Cacém e Grândola foram – e são – o palco de um verdadeiro espetáculo de velocidade e destreza.
II Baja TT ACP
De 18 a 20 de março, 2022
Após um ano de interrupção devido à pandemia provocada pela Covid-19, a Baja TT ACP regressou com toda a força em 2022. Entre os dias 18 e 20 de março, os olhares voltaram a estar concentrados nas pistas de areia e de terra do litoral alentejano.
A prova voltou a reunir os principais protagonistas do Campeonato de Portugal de Todo-o-Terreno, sem esquecer também do Campeonato Nacional Rally Raid. A segunda edição da Baja prometeu um fim de semana inesquecível com imensas novidades: uma delas passou pelo fator de navegação. Este ano, o percurso ficou marcado pela existência de um Road Book, que substituiu grande parte da sinalética direcional, proporcionando uma experiência mais autêntica e desafiante. A isto, alia-se a dificuldade dos caminhos – com 20% dos percursos seletivos disputados em areia. Com verificações técnicas feitas e pilotos prontos, os motores começaram a aquecer.
Depois de 275 quilómetros percorridos, a vitória em Autos foi para João Ferreira, ao volante de um Mini. Este foi um triunfo memorável para o piloto, pois não só foi o segundo da carreira, como o segundo consecutivo; ou seja, Ferreira contabilizou dois triunfos em provas do Campeonato de Portugal de Todo-o-Terreno, assentando a sua liderança no campeonato nacional. Apesar de reconhecer dificuldades em impor um ritmo mais firme e consistente, especialmente na última etapa, a dupla João Ramos/Filipe Palmeiro, conduzindo um Toyota Hilux, conquistou o segundo lugar, um resultado que satisfez as suas aspirações em termos de campeonatos. Já a dupla Alejandro Martins/José Marques teve um começo atribulado, mas devido a uma excelente recuperação conseguiu conquistar o terceiro lugar do pódio.
Esta emoção não passou somente pelos automóveis. A prova de motos, que integra o Campeonato Nacional Rally Raid, mostrou que tem neste momento uma figura de peso inigualável: David Megre. O piloto da KTM estabeleceu logo a melhor marca no Prólogo e acumulou, mais tarde, uma vantagem de 6m37s, no primeiro Setor Seletivo, para o segundo mais rápido, Mário Patrão.
A conquista por um lugar no pódio foi feita através de abordagens diferentes: enquanto Megre apostou numa estratégia de contenção, entrando em “modo de gestão”, Patrão foi mais abrasivo, não poupou esforços e aposto tudo para chegar à vitória, imprimindo um forte ritmo nos 157,880km do SS2. Mas foi Megre quem conquistou o primeiro lugar, deixando Mário Patrão com a segunda posição. Já o terceiro lugar foi para Pedro Bianchi Prata, em Honda CRF 450 Rx, com Fábio Belo, em Kawasaki Rally.
Na categoria “SSV”, a João Monteiro, acompanhado por Nuno Morais, levou o CAN AM X3 ao triunfo, após combinar rapidez com regularidade, sendo o mais rápido nos dois setores seletivos da prova. A boa execução desta estratégia conferiu-lhe uma vantagem final de 2m32s face aos adversários, apesar de ter enfrentado ainda algumas adversidades no segundo dia de prova. A hierarquia do pódio acabou por não sofrer grandes alterações nos dois decisivos setores seletivos e, neste sentido, Pedro Ferreira/Carlos Mendes e Ricardo Sousa/Jorge Brandão terminaram respetivamente em segundo e em terceiro lugar.
I Baja TT ACP
De 6 a 8 de março, 2020
A curiosidade passou rapidamente para o interesse. No seu ano de estreia, a Baja TT ACP reuniu mais de 85 equipas inscritas, entre automóveis, motos, quads e SSVs, que quiseram pisar o terreno arenoso e irregular de Santiago do Cacém e Grândola – com pequenas passagens por Alcácer do Sal e Sines. Logo no seu primeiro ano, a Baja integrou a segunda jornada de um dos mais disputados campeonatos de todo-o-terreno de Portugal, o Campeonato de Portugal de TT e a Taça de Portugal de TT, ambas integradas no calendário do FPAK.
O procedimento era simples: levar todos os concorrentes pelos trilhos mais desafiantes, onde a natureza dita a dificuldade da prova. A competição, acima de tudo, fez-se sentir em vários momentos. E com o prólogo e dois Setores Seletivos, vários foram os pilotos que estabeleceram a liderança, apesar de ser sempre um elemento improvável.
Em Carros, a luta pelo primeiro lugar no pódio fez-se com dificuldades. Miguel Barbosa, com Pedro Velosa, ao volante de um Toyota Hilux, imprimiu uma vantagem ímpar e impressionante. Barbosa tinha regressado às competições de todo-o-terreno em 2020 e esta Baja foi uma ótima oportunidade para mostrar uma boa forma física e mental alcançando o primeiro lugar, com uma diferença de 1m35s sobre João Ramos, o segundo classificado. Ramos e Vítor Jesus, o copiloto, sofreram alguns percalços no primeiro dia que os impediram, em condições normais, de pensar numa vitória. Ainda assim, o antigo campeão nacional contou com um lugar no pódio. O terceiro lugar foi para Alejandro Martins, a 3m21s de Barbosa.
Entre as duas e as três rodas, a chama da competição manteve-se igualmente acesa. No final dos primeiros 106 quilómetros percorridos contra o relógio, David Megre comandou a classificação geral. O piloto de motos da KTM andou sempre entre os lugares do pódio; no entanto, foi preciso completar o segundo setor do dia para se distanciar de forma evidente. Até lá, Sebastião Brion mostrava-se como o mais rápido no prólogo, conquistando – e lá ficando – o primeiro lugar. Mas as pistas arenosas sorriram para Gonçalo Amaral e passou ele a assumir o comando pouco depois. Megre assistiu ao duelo entre Brion/Amaral durante o prólogo. Impôs-se e não só recuperou 5,6 segundos de desvantagem para Amaral, como ainda ganhou 5,6 segundos ao seu adversário. Megre conquistou assim o primeiro lugar, deixando Amaral para segundo e Rodrigo Amaral em terceiro.
Nos Quads, Luís Engeitado, na altura líder do campeonato nacional, foi o mais rápido em todos os momentos de corrida. Bateu a concorrência no prólogo, consolidou a liderança no primeiro setor seletivo e fechou o dia com mais de 12 minutos de vantagem sobre Carlos Ferreira. Engeitado tinha tudo para se tornar no primeiro vencedor da Baja TT ACP em Quads. Mas tal vitória foi adiada. Ferreira foi quem conquistou o primeiro lugar. Com uma prestação inicialmente turbulenta – essencialmente devido a um problema causado pela embraiagem – conseguiu recuperar a vantagem, por pisos desproporcionais e areados: uma tarefa facilmente concluída ao volante do seu Yamaha YFZ 450R
Por fim, Luís Cidade e Pedro Mendonça triunfaram e conquistaram a vitória nos SSVs. A dupla do Can-Am XRC apenas precisou de ser a mais rápida no primeiro setor seletivo para conseguir a vitória na edição de 2020. Atrás estava a equipa de Lourenço Rosa e Joaquim Dias, que durante grande parte da prova, ameaçava Mendonça/Cidade com ultrapassagens por todos os lados. Mas terminaram em segundo lugar apenas a 59 segundos.