A BP Ultimate Baja TT ACP teve honras de receber a estreia mundial de um SSV elétrico. Mesmo sem ter concluído a prova, André Rodrigues mostrou as potencialidades do ADESS T3EV, que, no futuro, tem pretensões a participar no Rally Dakar.
Chama-se “ADESS T3EV” e tornou-se o primeiro SSV elétrico a participar numa prova do CPTT, numa estreia que foi também mundial. André Rodrigues e Ricardo Porto Nunes foram os responsáveis pelo feito, dividindo os louros com a equipa que projetou o modelo ao longo de quase dois anos.
Fruto das suas características particulares e menor autonomia, o ADESS T3EV não foi obrigado, regulamentarmente, a cumprir a mesma quilometragem que as restantes equipas do CPTT (à exceção do Prólogo), não tendo, apesar disso, logrado atingir o objetivo final de concluir a prova, mas apenas por… escassos quilómetros!
Recordando as incidências da prova, André Rodrigues explica que “para gerir as baterias, começámos por configurar o SSV, no Prólogo, para utilizarmos somente 70 por cento da potência disponível (porque após a sua conclusão era possível recarregá-las) e correu tudo, sem qualquer problema. Depois em SS1, reconfigurámos o sistema para termos apenas 50 por cento da potência (para poupar bateria), mas um dos cabos da bateria estava a deixar passar corrente e o carro entrava em modo de segurança a cada 500 metros. Nestas circunstâncias e porque era impossível solucionar o problema sem a equipa de assistência, fizemos apenas oito quilómetros e parámos”.
No segundo dia, o atual campeão Classe TT2 de SSV, explicou que “voltámos à estrada e fizemos 62 dos 68 quilómetros que era suposto fazermos pois a bateria não aguentou mais. Com 30% de bateria, ainda reduzimos a potência para aumentar a autonomia, mas quando a bateria desceu dos 20%, o carro também começou a entrar, de vez em quando, em modo de segurança, obrigando-nos a fazer ‘reset’ diversas vezes, o que acabou por não nos permitir fazer melhor do que ficar a seis quilómetros do percurso onde deveríamos concluir a prova”.
Mesmo sem completar a Baja, a experiência acabou por ser satisfatória com o piloto a referir que “interessa reter que o carro tem uma base de trabalho interessante, com os seus dois motores (um para as rodas de trás e outro para as da frente) que perfazem a potência de 585 kW (785 cv) e isto mesmo com os dois pesados packs de baterias (mais de 400 quilos). No futuro, solucionados os problemas estruturais de suspensão e adotada a solução da célula de hidrogénio para alimentar as baterias que permitirá aumentar a autonomia, teremos, com certeza, um carro muito competitivo. Mas, também é certo que, até aí chegarmos, temos ainda um longo desenvolvimento pela frente”.
Colhidas que estão as primeiras impressões, para o piloto fica também o registo de algumas adaptações de condução que o SSV elétrico obriga igualmente a fazer: “a maior diferença e que exigiu alguma habituação foi a ausência do ruído do motor, o que faz com que percamos a ideia de velocidade a que rodamos se não olharmos para o conta-quilómetros. À saída das curvas, o carro passa muito rapidamente de 70 km/h para 130/140 km/h e tudo sem ter que mudar de caixa, o que também se torna ‘estranho’. Por outro lado, a travagem exige alguns cuidados pois o carro é mais pesado, mas, a verdade é que também existem sete níveis de potência de regeneração de travagem disponíveis, o que facilita o processo, mas exige igualmente alguma adaptação”.
Após a BP Ultimate Baja TT ACP, o ADESS só deverá, agora, voltar ao ativo na segunda parte do CPTT uma vez que a equipa irá recondicioná-lo com um novo pack de baterias de nova geração, mais eficaz, e com a alteração das peças de suspensão que não tiveram o desempenho desejado. A ideia é, depois, em 2023, participar, já com dois SSV com a adaptação da célula de hidrogénio efetuada, no Mundial de Bajas, e, se tudo correr como o previsto, assegurar a participação no Rally Dakar de 2024.